A síntese de uma longa história
Foi sobre o lombo dos cavalos dos tropeiros, que conduziam gado e muares do Rio Grande do Sul às feiras de Sorocaba, que Mafra surgiu em seu elemento inicial. De pedaço de sertão habitado por índios, de caminho das tropas rasgado pela Estrada da Mata e, sob o olhar atento do Barão de Antonina, que a nossa história começou a ser escrita.
Colonizada por imigrantes alemães vindos da cidade de Trier em 1829, este chão, anos depois foi ponto de partida de militares à Guerra dos Farrapos, época em que a “peste” disseminada pelos soldados, ceifou mais de 2.000 vidas em nossa terra, levando a uma desolação só confortada pelas orações e cruzes erguidas por obediência aos conselhos do Monge João Maria, colocadas entre a capela e o rio Negro em 1856.
A exemplo dos alemães, Mafra acolheu colonos da distante Província Bucovina no Império Austro-Húngaro, antes de tremer com o rugir dos canhões de Pica-Paus e Maragatos e, arder sob os tiroteios travados pela disputa pela passagem pela balsa sobre o rio, durante a Revolução Federalista. Sendo na seqüência, tomada pelos revolucionários gaúchos para depois ser marcada pelas degolas promovidas pelo exército republicano.
Esteve em meio a disputa entre Santa Catarina e Paraná na questão do Contestado, viu-se envolvida pela guerra, na qual sofreu a incursão de bandoleiros e colocou-se à disposição das tropas de cerco do General Setembrino de Carvalho, participando inclusive de combates, por meio do batalhão do Coronel Nicolau Bley Netto.
Mas então, a 8 de setembro de 1917, após o acordo de limites que pôs fim à questão do Contestado, que Mafra nasceu como município, passando com isso a dirigir-se e a seguir caminho próprio, agora de forma independente, porém sempre próxima da cidade irmã de Rio Negro.
Em sua história, Mafra foi marcada pelo cultivo da erva-mate, pela perda do território que forma hoje o município de Itaiópolis, pelo transporte de cargas e passageiros através de embarcações pelo rio Negro, pela participação de vários mafrenses na 2ª Guerra Mundial, integrantes da Força Expedicionária Brasileira, pela construção da estrada de ferro e das rodovias BR 116 e BR 280.
Sempre com uma vida política muito agitada, Mafra acompanhou e participou de muitas das principais mudanças ocorridas no cenário político brasileiro, como toda a movimentação ocasionada por ocasião de Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao Poder e que encontrou aqui voluntários que compuseram o Batalhão Patriótico do Coronel José Severiano Maia.
Mafra compartilha com seus mais de seus 50.000 habitantes e tanto outros que aqui trabalham ou estudam, um passado fascinante, repleto dos mais variados acontecimentos e personagens, história que pertence a cada mafrense, a quem cabe escrever os próximos capítulos dessa trajetória.
Informações e fotos: Portal Click Riomafra / Guia Riomafra